quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

You're so beautiful, boy

" Faltava abandonar a velha escola/ Tomar o mundo feito coca-cola
  Fazer da minha vida sempre/ O meu passeio público
  E ao mesmo tempo fazer dela/ O meu caminho só
  Único" 

  (Lulu Santos)
Nunca vi (e provavelmente nunca verei) ele franzir a testa no sol ou passar a mão pra ajeitar os cabelos. Não sei se, quando tropeça no meio da rua, ele sorri encabulado ou xinga a mãe do padre. Ou se quando dança é desajeitado ou sexy, se é gentil com estranhos, se fica encabulado no elevador lotado, se gosta de árvore de Natal, se prefere vinho a vodca. Sei que ele é convencido e convence, ou no mínimo, consegue arrancar uma gargalhada. Sei que ele gosta de posar de safado porque também caiu no conto de que só os safados tem pegada, mas é o último dos românticos. Seria Dom Juan De Marco, seria Blade Runner, ou um filminho de amor sessão-da-tarde. Chama-se Bruno, nome que quase nunca uso para chamar sua atenção porque prefiro “Oi moço, Oi Olívia, Bichinha Magrela, Jack Twist, Safado, Feio, Lindo, Oi My Love”. Contra, só o fato dele ser dentista. Tem coisa mais “boring” do que alguém ser dentista? A favor, “Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças” ser um dos filmes favoritos dele. Imagina o sujeitinho: 27 anos, bonitinho, ordinário e romântico ao ponto de se emocionar nesse lindo filme de amor? Casa, minha filha. Casa.

Um dia ele pediu; “escreve sobre mim, como um presente de Natal”. Isso depois de dizer pra me ganhar: “você definitivamente é uma mulher estimulante”. Sem nem ao menos explicar o que raios ele quer dizer com isso. Ele é assim, ele te compra. Bem barato. Me deu de presente os adjetivos que mais gostei de ganhar, em natais, anos-novos, aniversários e dias comuns: criativa, adorável, inteligente, interessante, encrenqueira, contraditória, divertida. Ok, encrenqueira não parece bom, mas quem encrenca gosta de ser reconhecida. Depois disso, o que eu posso dizer dele, para ele?  Tuas piadas são péssimas, brother. E teu gosto musical é meio duvidoso. Nunca teu coração combina perfeitamente com o meu. My friend.

Aquele tipo de cara que a gente não sabe se beija ou se fica na mesa do bar conversando até de madrugada. E a conversa pode ser leve, cheia de ironias e risadas ou pode ser melancólica, quase triste. Ele vai te alfinetar diversas vezes, mas se tiver que dizer uma verdade dessas duras de engolir ele o fará com delicadeza, como se estivessem dançando um bolero bem lento. Gosto de imaginar que foi uma criança levada, mas fico sempre com impressão que era bem comportado e que muitas vezes, ainda hoje, quer continuar a ser. Não seja. Seja um tango, um carnaval, não chova fraquinho, caia feito tempestade no mar, raio, trovão. Agora é a hora, vai por mim. Seja louco,  irresponsável algumas vezes, não tenha medo das quedas, abrace a puerra desta vida com toda força. E não canse meus ouvidos falando em portos-seguros! Queime teus navios. Prova o gosto de tudo, não resista às tentações, fique com o que for bom, seja muito feliz, mas sofra um pouquinho pra ficar mais forte. Tome todos os porres, mas morra de tédio algumas vezes, pra dar a medida exata do que se tem, do que se pode. Faça poesias ridículas, colecione cartas de amor, viva um amor inesquecível. Depois esqueça.

O garoto mais adorável das terras de Alagoas, o amigo que eu queria perto, mas a vida lá é perfeita? You are so beautiful, boy

2 comentários:

  1. Depois de ler fiquei com vontade de mandar o Papai Noel passar em outra chaminé pq meu presente ja chegou...

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  2. Lindo, lindo, belo!

    Me vi tanto neste texto, conheço alguém exatamente assim e não é a Bichinha Magrela do Nordeste, hahahahaha!!

    E é bom, beautiful!

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