quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

As coisas mais lindas que já fizeram pra mim (Lista Tess)

Eu e a minha morena alagoana, por quem o meu eu lésbico curte um amor desses muito bem do correspondido, estávamos a divagar e a falar sobre umas coisas ruins, uma fossas, umas bossas, até que a mais otimista de nós duas, lembrou que muita água já rolou sobre nossas pontezinhas e que às vezes, nossa maldita memória é seletiva às avessas. Taqueopariu, mas por quê? E assim, como se estivéssemos num filme de amor muito bem editado, resolvemos também editar, em duas listas (yes, a gente adora uma lista!!), as coisas mais lindas que já fizeram pra cada uma de nós, nas puerras das nossas loucas vidas. Sem agradecimentos, nem esperem por isso, porque a gente mereceu cada uma delas. Fora as que, mui ingratamente, esquecemos.


Até os 13 eu fui a gata borralheira. Olhava no espelho e pensava: “um dia eu viro cinderela”. E um dia virei. Lembro perfeitamente, usava um vestidinho amarelo emprestado da melhor amiga, uns óculos escuros emprestados da irmã e tudo à bordo de uma pseudo confiança. E lá fui eu desfilar pelo bairro, onde estavam todos, eu disse TODOS os menininhos que até ali me deixavam mofando na festinha americana, sem me tirar pra dançar. Eles descobriram que a menininha tinha afinal qualquer coisa. E, por uma noite, eu fui a cinderela mais galinha que se possa imaginar. Eram cinco os bonitinhos por quem eu costumava suspirar e eu fiquei com todos eles, um de cada vez, of course. Exatamente até a meia-noite, que era a hora que os bailinhos costumavam encerrar. E ainda deixei o melhor deles pro fim.  Porque eu sempre fui esperta, brother.


B: O cara com quem eu descobri o significado da palavra desejo. Carnaval, um baile desses num clube em Laguna Beach. Eu querendo ser sexy e minha mãe faz uma fantasia de baianinha pra mim, daquele tipo menininha cuti cuti, coisa fofa! E eu no meio do salão, com aquela roupinha idiota, me sentindo uma jacú de botas, tentando destruir as bolinhas de isopor com purpurina da minha cabeça, indignada da vida. Nisso passa o moreno mais lindo do mundo e diz e canta: “ baiana boa, gosta de samba e diz que é bamba”. Salvou uma noie que tinha tudo pra ser lamentável.
O: Eu 18, ele 14. Terminávamos uma vez por semana, até que um dia, fui embora da cidade de vez. Quando voltei, em férias, ele namorava uma amiga minha. Uma noite me deu uma carona e disse: “ Tu é uma metida do c%&$, mas chega e o resto desaparece”.  Só que ela não desapareceu e eles continuaram namorando.
R: Três dias numa praia, três anos à distância. Ligava quase todo dia pela manhã, gastando é claro, o telefone da empresa onde trabalhava, pra dizer: “acorda minha maluquinha”. Quando eu perguntava o que a gente era, ele dizia: somos "quase" namorados. Mandou flores em um aniversário, sem eu nem cogitar que se podia receber flores em Santa Catarina de alguém que morava em São Paulo. Amarelas. Nunca passamos do quase.

G: Ah, o tal do cara doce. Eu aos 19 anos não estava preparada, tem fases em que a gente prefere os malandros. Tem umas aí que nunca saem dessa fase. Ele na faculdade, eu cursinho pré-vestibular. Me ensinava matemática e física todas as tardes. Não ficou puto no dia em que estava la e, casa, quando recebi do outro as tais flores amarelas. Uns dez anos depois, me telefonou.Tentamos. Ele continuava doce. Eu continuava despreparada. Foi para ele que eu disse a coisa mais idiota  a se dizer a um cara quando não se quer mais tentar. As meninas costumam ser cruéis com os caras gentis. Aí, finalmente ele ficou puto. Sem doce algum.

F: O latin –lover. Início de faculdade, ele na sala ao lado. A entrada foi triunfal. Pra me conhecer ele deixou um recado com nome-telefone no quadro negro da minha sala. Minha professora se apaixonou. Eu me apaixonei. Um dia, quando brigamos, bateu na minha porta, com uma lata de pêssegos em calda, uma garrafa de vinho e um buquê de flores e disse: “Você poderia, por favor, contar até 50 pra gente recomeçar de onde parou?". Porque vimos 9/2 Semanas de Amor.

L:  Professor de fotografia. A proposta era viver uma espécie de Lua de Fel, porque ele dizia que eu tinha cara de safada. Um dia, descobriu que não: “Você adora posar de doida, mas é a pessoa mais doce que eu conheço".
D: Irmãozinho da melhor amiga. Dormíamos uma certa noite, na casa de praia dos pais dele. Eu, em uma cama de casal com ela, ele num colchãozinho ao lado.  Dormimos de mãos dadas, escondido dela. Uns dias depois uma carta, doce: “Se você quer ser minha namorada, ah que linda namorada você poderia ser...”. Conte o último como o primeiro encontro.

I: A paixão. A coisa mais linda que ele fez por mim foi acontecer. E voltar a acontecer doze anos depois.

N: Amor. Rasgado. A melhor coisa que fez por mim foi me deixar ir embora.
E: A melhor declaração de amor ever! Numa carta, um desabafo: “Sou apaixonado por você, sua FDP! E tô revoltado com a tua burrice crônica".

S: " Vim pra dizer que eu te amo"
T: Talvez o cara que mais tenha me conhecido na vida. "Porque fui nascer tanto tempo antes de você, meu anjo?"
X: 20 anos, 32 anos: a coisa mais linda que fez por mim foi vestir uma gravata do mickey pra eu perder o tesão de uma vez.

J: porque um dia jogou tudo pro alto e veio pra mim, dizendo: “achou que eu não vinha?” E casou comigo.

C: " Faça um filho comigo". (e porque nunca amei ninguém tanto assim)

Belle, a melhor amiga: " te amo e me recuso a acreditar nos teus fatalismos"

Melhor amigo gay: Uma foto nossa na praia num dia de vento. Eu deitada no colo dele. Atrás está escito: "Sou mais feliz por que você existe. Esse colo é teu pra sempre". 

Ok, Ok...já levei pé, já escutei muitas coisas ruins, já me deixaram no meio do caminho, já joguei minhas pérolas aos porcos, já gostei de quem nem tinha alcance, já gostei de quem não estava ao meu alcance, mas eu que não sou louca de escrever uma lista das piores coisas que já fizeram pra mim..Capicce?


"mas é doce morrer nesse mar de lembrar e nunca esquecer/ e se eu tivesse mais alma pra dar/eu daria, isso para mim é viver " (Djavan)

As coisas mais lindas que já fizeram pra mim (Lista Isa Diamonds)


Eu dei a ela a idéia de fazer uma lista de todas as boas coisas que nos fizeram. Um elogio, um pequeno gesto, um grande gesto. Quando estivéssemos sentindo nosso chão cair, íamos lá na listinha e víamos o mundo-cor-de-rosa again. É, eu colecionava papéis de carta. Tinha diários, sou da década de 80, não existiam blogs. E, ao contrário da minha amiga, tenho também uma lista negra. Não procuro, mas se vem no meu colo a oportunidade, eu me vingo sim. No mais, vamos nos ater ao lado rosa da força. Enjoy!

Eu era uma Patinho Feio. Aquela historinha do pato medonho que vira um belo Cisne.  Nenhum garoto da escola me dava bola, nenhum. Era magricela, desengonçada. E fazia balé, imagine! Então me concentrava na bíblia e em Shakespeare. É, juro! Li o apocalipse inteiro e 3 atos de Shakespeare. Dos 12 aos 15. E passei a faculdade inteira namorando um cara só.


B: Aos 15, descobri o mundo com o primeiro namorado. Do primeiro toque ao primeiro beijo. Sem deixar de ser virgem porque ainda era pecado. Um dia, na praia, ele contou todas as estrelas do céu pra mim. Pobre rapaz!

T: Todo problemático, uma novela mexicana, mas eu parecia gostar da coisa. Tinha uma ex-namorada a tiracolo, sempre. EVER. Eu desistia dele mil vezes e mil vezes voltava atrás. Até que ele disse: ‘Quero que você seja a mãe dos meus filhos’.

J: Um primo distante. Não daria certo desde o início da humanidade. Mesmo assim, a gente errou. Ele pegou uma mecha do meu cabelo, cheirou e me disse olhando nos olhos: ‘Você foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos tempos’.

F: O primeiro grande amor. E o último. E talvez o único. Meu fiel escudeiro. Doce, gentil. E acho que a melhor declaração de amor também: ‘Você parece daquelas garotas prendadas, que passam nos comerciais de TV e a gente sonha quando tá na escola...’. Eu achei lindo. Quando ele fez a primeira tatuagem, não quis que eu fosse para não vê-lo chorar, se fosse o caso. Eu fiquei puta da vida, mas não resisti quando ele sorriu e disse: ‘Agora somos um casal tatuado, amor!’ ·

N: Paixão daquelas avassaladoras, inesperadas. Surreal. E ele me mandava depoimentos no Orkut: ‘Não tenho palavras pra dizer o quanto te amo. Que poeta fudido eu sou. Você me deixa muito gay!’. E me apresentou Elvis e me ESCREVEU Elvis. Um dia, quando brigamos por causa do meu ciúme, ele escreveu off no MSN a letra inteira de ‘I Can’t Falling In Love With You’.

D: Ser nerd era a melhor condição dele. Ele entendia quando eu falava de Star Wars. Entendia quando eu imitava Jessica Rabbit. Enfrentava horas de viagem só pra me ver. E vinha com chocolates e danetes e era uma festa. Foi rápido, acabou quando nem havia começado. Mas quando acabou, ele confessou: ‘Não terá graça levantar mais ninguém no elevador...’ ·

J: Alguém por quem eu NÃO PODIA ter me apaixonado, mas como as melhores coisas da vida, foi inevitável mesmo. Trabalhávamos juntos, dia a dia, ali, no convívio, disfarçando a todo custo um desejo muito sufocado. Um dia, por e-mail, ele mandou: ‘Torna-te responsável por tudo aquilo que cativas’. Ou seja, um FDP que não era capaz de arcar as conseqüências de também ter se apaixonado por mim.

P: Paixão platônica, que nunca aconteceu. Mas eu não posso deixar de lembrar aquele jovem repórter do caderno de política, sagaz, rápido e frenético, como pede toda a alma de jornalista. Seria estranho se’u não me apaixonasse de cara. Ele logo virou editor do jornal. Eu repórter de cidades. E ele me editava, em quase tudo. Só pra disfarçar que não resistia aos meus olhinhos de jabuticaba. Um dia arranjou uma namorada. Numa festa entre amigos, ela piscou e ele me roubou um beijo. Disse ter sido o melhor da vida dele. Eu saí do jornal e nunca mais nos vimos.

F: Mais uma paixão platônica, só que aconteceu. Era mais que platônica, era antiga, envelhecida. Conhecíamos-nos apenas por internet. Quando o vi pela primeira vez, odiei. Depois me apaixonei de novo. Aliás, ele tem este poder de fazer eu me apaixonar quantas vezes ele quiser, em qualquer época, em qualquer lugar. Um doce canalha. Eu ainda tava longe quando ele me mandou este poema do Xico Sá. Eu tinha acabado de voltar de um rodízio. Um dia, disse que ia deixá-lo louco por mim. Ele respondeu: ‘Mais ainda?’ E quando finalmente me beijou, disse: ‘Que beijo bom!! Onde você aprendeu? Não consigo ir embora...’. Mas o que me prendeu, foi quando disse e pareceu tão honesto: ‘Achei que não vinhas mais. Tou orgulhoso de você.’ ·

LF: Doce, muito doce. Meu porto-seguro. Eu nunca consegui me apaixonar por ele. E ele desabafou: ‘Pensei que você seria a mulher da minha vida’.

Pilar, melhor amiga1: ‘Te dou um valor do caralho, desgraçada!’ ·
Luciana, melhor amiga3: ‘Não ouse borrar a maquiagem de Diva!’ ·
Happy End. Claro que tive minhas tragédias, óbvio. Mas não convém contá-las, sequer lembrá-las. Já enriqueci demaaaais os porcos. Vinde a mim, pôneys bonitinhos


quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

You're so beautiful, boy

" Faltava abandonar a velha escola/ Tomar o mundo feito coca-cola
  Fazer da minha vida sempre/ O meu passeio público
  E ao mesmo tempo fazer dela/ O meu caminho só
  Único" 

  (Lulu Santos)
Nunca vi (e provavelmente nunca verei) ele franzir a testa no sol ou passar a mão pra ajeitar os cabelos. Não sei se, quando tropeça no meio da rua, ele sorri encabulado ou xinga a mãe do padre. Ou se quando dança é desajeitado ou sexy, se é gentil com estranhos, se fica encabulado no elevador lotado, se gosta de árvore de Natal, se prefere vinho a vodca. Sei que ele é convencido e convence, ou no mínimo, consegue arrancar uma gargalhada. Sei que ele gosta de posar de safado porque também caiu no conto de que só os safados tem pegada, mas é o último dos românticos. Seria Dom Juan De Marco, seria Blade Runner, ou um filminho de amor sessão-da-tarde. Chama-se Bruno, nome que quase nunca uso para chamar sua atenção porque prefiro “Oi moço, Oi Olívia, Bichinha Magrela, Jack Twist, Safado, Feio, Lindo, Oi My Love”. Contra, só o fato dele ser dentista. Tem coisa mais “boring” do que alguém ser dentista? A favor, “Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças” ser um dos filmes favoritos dele. Imagina o sujeitinho: 27 anos, bonitinho, ordinário e romântico ao ponto de se emocionar nesse lindo filme de amor? Casa, minha filha. Casa.

Um dia ele pediu; “escreve sobre mim, como um presente de Natal”. Isso depois de dizer pra me ganhar: “você definitivamente é uma mulher estimulante”. Sem nem ao menos explicar o que raios ele quer dizer com isso. Ele é assim, ele te compra. Bem barato. Me deu de presente os adjetivos que mais gostei de ganhar, em natais, anos-novos, aniversários e dias comuns: criativa, adorável, inteligente, interessante, encrenqueira, contraditória, divertida. Ok, encrenqueira não parece bom, mas quem encrenca gosta de ser reconhecida. Depois disso, o que eu posso dizer dele, para ele?  Tuas piadas são péssimas, brother. E teu gosto musical é meio duvidoso. Nunca teu coração combina perfeitamente com o meu. My friend.

Aquele tipo de cara que a gente não sabe se beija ou se fica na mesa do bar conversando até de madrugada. E a conversa pode ser leve, cheia de ironias e risadas ou pode ser melancólica, quase triste. Ele vai te alfinetar diversas vezes, mas se tiver que dizer uma verdade dessas duras de engolir ele o fará com delicadeza, como se estivessem dançando um bolero bem lento. Gosto de imaginar que foi uma criança levada, mas fico sempre com impressão que era bem comportado e que muitas vezes, ainda hoje, quer continuar a ser. Não seja. Seja um tango, um carnaval, não chova fraquinho, caia feito tempestade no mar, raio, trovão. Agora é a hora, vai por mim. Seja louco,  irresponsável algumas vezes, não tenha medo das quedas, abrace a puerra desta vida com toda força. E não canse meus ouvidos falando em portos-seguros! Queime teus navios. Prova o gosto de tudo, não resista às tentações, fique com o que for bom, seja muito feliz, mas sofra um pouquinho pra ficar mais forte. Tome todos os porres, mas morra de tédio algumas vezes, pra dar a medida exata do que se tem, do que se pode. Faça poesias ridículas, colecione cartas de amor, viva um amor inesquecível. Depois esqueça.

O garoto mais adorável das terras de Alagoas, o amigo que eu queria perto, mas a vida lá é perfeita? You are so beautiful, boy