sábado, 26 de maio de 2012

De amores


.....porque no final é sempre assim, você sabe que um dia vai passar, com sorte, nao demora até o fim do ano. Mesmo assim dói. Mesmo assim não é certeza. Ah, você já passou por isso, já morreu de amor algumas vezes e recussitou. Mais forte? Porra nenhuma. Anos de terapia te equilibram na corda bamba, algum antidepressivo, mas sabe que vai voltar de alguma festa para a qual as amigas te carregam para te distrair e na qual ficou com aquele sorriso meio idiota grudado na boca, a fim de disfarçar a tristeza - e assim que abrir o portão de casa, vai chorar-de-dar-dó-se-alguém-visse. E teus cachorros irão te olhar como se soubessem que aí está você novamente, sofrendo por amor. Coisa mais idiota.

Eles não tem como dizer- como todo mundo- que tudo vai passar, com sorte até o fim do ano, graças a deus! Apenas vem até você, lambem a sua cara toda e te dão o ombro pra chorar. Tudo sempre mais do mesmo. Mesmo assim dói. Mesmo assim, fica a dúvida: e se ele fosse "O cara"? Você já achou que fosse. Ainda acha. E se era mesmo amor? Não aquelas coisas que se parecem com amor, mas amor mesmo, esse que deve ser para poucos privilegiados no planeta, aqueles que conseguem vencer o cansaço das concessões diárias, dos acordos desfeitos, de alguma traição nao revelada, que conseguem vencer o tédio de muitos e muitos dias, das mudanças impostas pelo tempo ou pela individualidade de cada um, a rotina de uma vida em nada excepcional e toda tralha emocional que cada um carrega, as neuroses, as mágoas cotidianas, o desencanto que sempre virá. Amor nao existe. Como vencer tudo isso?  


Esta semana o porteiro do prédio em que mora minha mãe me disse que a vida nao andava valendo a pena e que tudo perdera o sentido. Sua esposa acabara de falecer. Quarenta anos de uniao. Disse a ele o que todos dizem nestas horas e que é absolutamente nada perante o tamanho da dor que estava na cara que o sujeito sentia. Vai passar? Era amor, seu Valdir? - diz aqui pra mim.

Era amor. O que eu sentia. Ainda está aqui. Está sorrindo para mim de uma fotografia colorida no porta-retrato da sala. Nas músicas dos anos 60 que escuto sem parar e sem prestar muita atenção neste sábado nublado, sozinha em casa. "somos as duas únicas pessoas do mundo que estão terminando ainda se amando" - ele disse. Não somos. Somos duas pessoas cujo amor não parece caber numa relação. Matemos, portando, todo esse mimimi de amor. Quem é que esta pensando nisso, pelamor? As pessoas estão acordando cedo e pegando ônibus lotado para ganhar uns trocados no fim do mês (não  falemos dos afortunuados, eles que se fodam!), estão putas da vida com alguma merda que sucedeu ou estão todas correndo não sei nunca para onde. Quem tem tempo para amor, a anos ser uns poucos adolescentes e umas menininhas que não tem nem um ano, ainda brincavam de boneca?

Eu teria ficado se houvesse um caminho. Nao fácil, mas possível. Teria ficado se confiasse que amar tanto alguém fosse capaz de promover a mudança essencial para que uma nova vida se construísse. Com casa, cachorro e papagaio. Com mais dias bons que ruins. Com sufoco, contas pra pagar, porém mais he comes the sun do que dont let me dow. Eu teria ficado se acreditasse. Que teu amor era grande, eu sei, que meu amor era forte, sabes também. Se ao menos tivesse entendido que aquilo que eu queria, nao queria apenas por mim, mas por você. E se soubesse que ainda quero, mesmo que não seja mais comigo. 

O quanto quero que se despeças de algumas coisas e siga em frente. Escancarando toda dor, todo medo, olhando no espelho e se vendo feio e desnudo e criança e vil e absolutamente desprotegido. Teria colocado tua cabeça no meu colo. Teria alisado teus cabelos. Chorado contigo, te protegido, cuidado das tuas feridas e te deixado chorar um mês de soluçar. Teria te amado mais. Teria te achado corajoso e forte, mesmo assim tao frágil e despido. Teria ficado se aceitasses que não é preciso mais escrever cartas desamparadas às três da manhã. Teria te convencido que ficaria tudo bem. Que aquela grande festa, com vodca, drogas, garotas, tatuagens, distorções e travo na boca ao acordar podia voltar a acontecer, só que sem nada disso. E que o mundo não é um lugar tao ruim, mas se fosse, ainda tinha a gente, que também não era tao ruim, mas que foi ficando, ruim, ruim, por pura inadequação. E que o amor, breguice às favas, algumas vezes  é mesmo capaz de salvar. Talvez a única coisa que salve, no fim. Mas é preciso querer ser salvo. 



Então no final é sempre assim. Você lembra do começo, que também não parecia nada promissor e pensa: como aguentamos tanto tempo? E alguém diz que vai passar. Quando?


domingo, 3 de abril de 2011

Entre mocinhos, bandidos e alienados

O mundo está feinho, tadinho. A vida sempre floresce linda a cada dia, mas o mundo, definitivamente, este está esquisito demais pro meu gosto.Guerra na Oriente Médio, Tsunami no Japão, gente matando gente por motivo torpe, e olhamos pela TV e nem nos abalamos mais. Ah sim, lamentamos com um “ah, meu Deus, que tragédia!”, mas estou falando de lamentar de fato, de ficar em choque. De paralisar de horror. Nem dá tempo. Acaba o noticiário e voltamos todos à velha rotina, a vida normal, à “Grande Família”, porque o Pedro Cardoso é hilário e quem precisa ficar tão deprimido, logo hoje?
 

Não nos abalamos realmente porque a guerra na televisão não parece real, tragédias de proporções apocalípticas assistimos em DVD, comendo pipoca com guaraná. E o Dia Depois de Amanhã é hoje. Aqui no Brasil, sempre mais do mesmo, corrupção na política, corrupção na polícia, corrupção na "PQP" e no jardim da infância. Toda uma galerinha aprendendo que boas maneiras é aquele negócio que se faz escondido por debaixo dos panos  Ninguém entende muito bem quem fica com o quê, nem com quanto, mas dizem que é crime gravíssimo, embora também ninguém conheça um que esteja mofando no xilindró. Grave como o crime do casal que matou os pais da noiva pra herdar uma pequena fortuna, mas que irá ficar na cadeia apenas uns quatro anos por conta de alguma brecha na lei. O que faz com que, no Brasil, muitos acabem optando por “livrar-se em definitivo” de potenciais pedras no caminho, porque vamos combinar que matar o próximo e cumprir pena de quatro, cinco anos e impunidade é seis por meia dúzia, não?

To com preguiça, viu? De tentar entender tanta barbaridade que acontece nesse mundo. É adolescente morrendo por causa do tráfico de drogas , é gentinha falando “ bem que ele merece" ou qualquer outra frase feita dessas que chega a dar cansaço de tão simplista. É cidadao humilde perdendo tudo por causa de enchente, deslizamento e outro tanto resmungando  "quem mandou morar em encosta”. É uma falta de empatia desgraçada.


Vamos ser mais tolerantes, por favor! Mais generosos. Vamos nos chocar com as mazelas alheias. Vamos torcer pelo bem, como a gente torcia nos filmes de mocinho e bandido, torcer por gente honesta, pra nascer uma geração com mais carinho pelo próximo, que dê mais valor à vida, que seja solidária, que leia poesia, que não use armas, que não xingue gente velha, que ofereça seu lugar no ônibus, que não violente mulheres, que não abuse de crianças, que respeite cor, religiões, opiniões, opções sexuais e o quemais que tiver que ser respeitado. Não sei se ainda temos jeito, mas então vamos educar os nossos filhos, vamos fazer filhos com mais responsabilidade. Ou, se não a tivermos, descartemos tal possibilidade.  Vamos dar às gerações futuras boas lições, bons exemplos, bom-senso e o que mais tivermos de bom para dar.  E vamos torcer pra eles nunca desencantarem. Eu desencantei.








sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Mulheres mais velhas x homens mais novos: isso dá samba

                                                        Ashton  Kutcher e Demi  Moore


                                                           Mister Robinson: clássico


Primeiramente um viva à indústria dos cosméticos, ao botox, à cirurgia plástica, às academias e para algumas afortunadas, à genética! As mulheres de quarenta podem! E devem. A atração entre mulheres mais velhas e jovens mancebos na faixa dos 20 é uma atração previsível. Libido pura. A do homem atinge o auge entre os 18 e os 20 anos, a dela, entre os 30 e os 40. Uma mistura explosiva: energia versus experiência. Wood Allen versus "Transformes" , mas tudo bem, você não vai querer ver filminho cult justo agora, né? Com vinte a gente transa e acha que arrasa, tecnicamente falando, mas está lá, cheia de frescurite na cabecinha: “será que eu dou?” “será que eu dou depois de quanto tempo pra ele não me achar uma vadia? . "será que eu digo que a mão dele está no lugar errado?”.  Aos quarenta a gente já se livrou das amarras, pega a mãozinha dele e diz: “por aqui, cavalheiro”. E eles aprendem rápido que é uma beleza! Preconceito existe, o seu próprio talvez, mas aí, ele desfila aquele corpinho sarado pela casa e você sabe exatamente o que esta fazendo. Está aproveitando! Se jogaaaaaaaaaaa.

Não tem barriga de chope, não tem “desculpa amor, não consegui esperar por você”. Sobra disposição, falta segurança. E quem vai trocar uma coisa pela outra nessa altura do campeonato? E ó, o Ministério da Saúde adverte: isso vai  fazer beeeeeem à saúde. A pele, o olho, o sorriso, tudo vai iluminar, porque ainda por cima meu bem, eles são românticos e fofos. E ser fofo aos vinte não fica aquela coisa meigay. Fica só...fofo. E mulher adora um romantismo, em qualquer idade, até aos 82. A gente se derrete com recadinho no espelho do banheiro de manhã, com guerra de areia na praia, com declarações de amor com palavras como nunca e sempre e muito e perdidamente. O sempre é lindo, mas complicado, porque você se imagina com 60, quando ele vai estar com 40 e pensa: “será que a medicina vai estar ainda mais evoluída até lá”? E reza. Mas se você duvida, eles acreditam e é bom sonhar.


Tem horas difíceis. É quando você se pega pensando que no ano em que ele nasceu você estava dando primeira vez. Tem horas de puro pânico, quando ele diz todo animado: "vamos ao show do D2?". E na sua cabeça a frase fica rolando: "prefiro uma morte lenta, prefiro uma morte lenta....".  Ele terá 789 amigos no Orkut, com recadinhos de meninas que podiam ser tua filha dizendo: "me add?".  Terá, ao menos, um amigo chato, daqueles que não entendem porque ele está com você, porque nunca descolou uma mulher mais velha e não sabe o babado que dá. Ele vai chegar falando que tirou 9 na prova e vai escrever uma mensagem usando o termo “outrossim” pra te impressionar, o que poderá te brochar para todo o forever. Vai botar fogo numa barata e quase incendiar sua casa, porque leu algo parecido no Almanaque Abril e, se nada disso for suficiente pro teu olho parar de brilhar, se jogaaaaaaaaaa, minha filha.

E vamcombinar, o inverso batidão dessa história, ou seja, meninas de 20 com homens mais velhos é mais comum, mas não é tão bom. Não é, porque aí a máxima de experiência versus energia não dá tanto samba. Porque ele é experiente, mas já ta meio frapê e ela tem energia, mas não sabe muito o que fazer. A natureza sabe o que faz. Madonna já disse que toda mulher devia beijar outra mulher uma vez na vida. Você que sabe. Eu digo: toda mulher, aos quarenta, devia experimentar uma aventura, um caso, um namoro, um rala e rola com um garotão. Não tem jeito melhor de atingir o Nirvana. Aliás, talvez seja o único caminho para. As mui amigas depois vão dizer, mui despeitadamente, que ele era um safado, os amigos gays vão dizer que gostariam de arrancar todos os teus cabelos, de pura inveja. Você vai bolar uma sessão tortura para todos os imbecis do planeta que ousarem te perguntar: "é teu namorado ou teu filho?, mas é pura magia, acompanhada do melhor sexo da sua vida. Retoca o rímel e se joga.

Só que como tudo nesta vida maledeta, depois do pró tem o contra, depois da bonança a tempestade, depois do doce o amargo. Você pode se apaixonar. Ele pode se apaixonar. Lindcho né? Podem até sonhar com um filhinho chamado “coisamarlinda da mami e papi” e é aí que o caldo pode entornar. Porque né baby, o padre lá no altar diria: "estás disposta a esperar ele amadurecer e se tornar, enfim, um homem pra chamar de seu? Estás com paciência de monja zen budista pra ficar vendo da sacada ele viver todas aquelas coisas boas e ruins e fantásticas que você viveu uns 20 anos antes dele? Estás preparada para ouvir Pitty e Exaltasamba três vezes por semana, sem reclamar e ir ao cinema pra ver “Lua Nova”? Ou você acha mesmo que nasceu pra “Eduardo e Mônica”? Então, não sei como vai ser, não sei como será, mas um último conselho pra quem vai mesmo se jogar:  vá de pára-quedas, não custa prevenir uma eventual queda. A não ser que você seja a Demi Moore, mas aí vou te dizer, a senhorita nasceu mesmo com a bunda pra lua. Para as simples mortais, como eu, boa sorte durante o passeio.

Eduardo e Mônica trocaram telefone/Depois telefonaram e decidiram se encontrar
O Eduardo sugeriu uma lanchonete/mas a Mônica queria ver o filme do Godard
Se encontraram então no parque da cidade/A Mônica de moto e o Eduardo de camêlo
O Eduardo achou estranho, e melhor não comentar/Mas a menina tinha tinta no cabelo

Eduardo e Mônica era nada parecidos/Ela era de Leão e ele tinha dezesseis
Ela fazia medicina e falava alemão/E ele ainda nas aulinhas de inglês
Ela gostava do Bandeira e do BauhausDe Van Gogh/e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud
E o Eduardo gostava de novela/E jogava futebol-de-botão com seu avô
Ela falava coisas sobre o Planalto Central/Também magia e meditação
E o Eduardo ainda tava no esquema "escola, cinemaclube, televisão".
E mesmo com tudo diferente, veio mesmo, de repente/Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia/E a vontade crescia, como tinha de ser...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

As coisas mais lindas que já fizeram pra mim (Lista Tess)

Eu e a minha morena alagoana, por quem o meu eu lésbico curte um amor desses muito bem do correspondido, estávamos a divagar e a falar sobre umas coisas ruins, uma fossas, umas bossas, até que a mais otimista de nós duas, lembrou que muita água já rolou sobre nossas pontezinhas e que às vezes, nossa maldita memória é seletiva às avessas. Taqueopariu, mas por quê? E assim, como se estivéssemos num filme de amor muito bem editado, resolvemos também editar, em duas listas (yes, a gente adora uma lista!!), as coisas mais lindas que já fizeram pra cada uma de nós, nas puerras das nossas loucas vidas. Sem agradecimentos, nem esperem por isso, porque a gente mereceu cada uma delas. Fora as que, mui ingratamente, esquecemos.


Até os 13 eu fui a gata borralheira. Olhava no espelho e pensava: “um dia eu viro cinderela”. E um dia virei. Lembro perfeitamente, usava um vestidinho amarelo emprestado da melhor amiga, uns óculos escuros emprestados da irmã e tudo à bordo de uma pseudo confiança. E lá fui eu desfilar pelo bairro, onde estavam todos, eu disse TODOS os menininhos que até ali me deixavam mofando na festinha americana, sem me tirar pra dançar. Eles descobriram que a menininha tinha afinal qualquer coisa. E, por uma noite, eu fui a cinderela mais galinha que se possa imaginar. Eram cinco os bonitinhos por quem eu costumava suspirar e eu fiquei com todos eles, um de cada vez, of course. Exatamente até a meia-noite, que era a hora que os bailinhos costumavam encerrar. E ainda deixei o melhor deles pro fim.  Porque eu sempre fui esperta, brother.


B: O cara com quem eu descobri o significado da palavra desejo. Carnaval, um baile desses num clube em Laguna Beach. Eu querendo ser sexy e minha mãe faz uma fantasia de baianinha pra mim, daquele tipo menininha cuti cuti, coisa fofa! E eu no meio do salão, com aquela roupinha idiota, me sentindo uma jacú de botas, tentando destruir as bolinhas de isopor com purpurina da minha cabeça, indignada da vida. Nisso passa o moreno mais lindo do mundo e diz e canta: “ baiana boa, gosta de samba e diz que é bamba”. Salvou uma noie que tinha tudo pra ser lamentável.
O: Eu 18, ele 14. Terminávamos uma vez por semana, até que um dia, fui embora da cidade de vez. Quando voltei, em férias, ele namorava uma amiga minha. Uma noite me deu uma carona e disse: “ Tu é uma metida do c%&$, mas chega e o resto desaparece”.  Só que ela não desapareceu e eles continuaram namorando.
R: Três dias numa praia, três anos à distância. Ligava quase todo dia pela manhã, gastando é claro, o telefone da empresa onde trabalhava, pra dizer: “acorda minha maluquinha”. Quando eu perguntava o que a gente era, ele dizia: somos "quase" namorados. Mandou flores em um aniversário, sem eu nem cogitar que se podia receber flores em Santa Catarina de alguém que morava em São Paulo. Amarelas. Nunca passamos do quase.

G: Ah, o tal do cara doce. Eu aos 19 anos não estava preparada, tem fases em que a gente prefere os malandros. Tem umas aí que nunca saem dessa fase. Ele na faculdade, eu cursinho pré-vestibular. Me ensinava matemática e física todas as tardes. Não ficou puto no dia em que estava la e, casa, quando recebi do outro as tais flores amarelas. Uns dez anos depois, me telefonou.Tentamos. Ele continuava doce. Eu continuava despreparada. Foi para ele que eu disse a coisa mais idiota  a se dizer a um cara quando não se quer mais tentar. As meninas costumam ser cruéis com os caras gentis. Aí, finalmente ele ficou puto. Sem doce algum.

F: O latin –lover. Início de faculdade, ele na sala ao lado. A entrada foi triunfal. Pra me conhecer ele deixou um recado com nome-telefone no quadro negro da minha sala. Minha professora se apaixonou. Eu me apaixonei. Um dia, quando brigamos, bateu na minha porta, com uma lata de pêssegos em calda, uma garrafa de vinho e um buquê de flores e disse: “Você poderia, por favor, contar até 50 pra gente recomeçar de onde parou?". Porque vimos 9/2 Semanas de Amor.

L:  Professor de fotografia. A proposta era viver uma espécie de Lua de Fel, porque ele dizia que eu tinha cara de safada. Um dia, descobriu que não: “Você adora posar de doida, mas é a pessoa mais doce que eu conheço".
D: Irmãozinho da melhor amiga. Dormíamos uma certa noite, na casa de praia dos pais dele. Eu, em uma cama de casal com ela, ele num colchãozinho ao lado.  Dormimos de mãos dadas, escondido dela. Uns dias depois uma carta, doce: “Se você quer ser minha namorada, ah que linda namorada você poderia ser...”. Conte o último como o primeiro encontro.

I: A paixão. A coisa mais linda que ele fez por mim foi acontecer. E voltar a acontecer doze anos depois.

N: Amor. Rasgado. A melhor coisa que fez por mim foi me deixar ir embora.
E: A melhor declaração de amor ever! Numa carta, um desabafo: “Sou apaixonado por você, sua FDP! E tô revoltado com a tua burrice crônica".

S: " Vim pra dizer que eu te amo"
T: Talvez o cara que mais tenha me conhecido na vida. "Porque fui nascer tanto tempo antes de você, meu anjo?"
X: 20 anos, 32 anos: a coisa mais linda que fez por mim foi vestir uma gravata do mickey pra eu perder o tesão de uma vez.

J: porque um dia jogou tudo pro alto e veio pra mim, dizendo: “achou que eu não vinha?” E casou comigo.

C: " Faça um filho comigo". (e porque nunca amei ninguém tanto assim)

Belle, a melhor amiga: " te amo e me recuso a acreditar nos teus fatalismos"

Melhor amigo gay: Uma foto nossa na praia num dia de vento. Eu deitada no colo dele. Atrás está escito: "Sou mais feliz por que você existe. Esse colo é teu pra sempre". 

Ok, Ok...já levei pé, já escutei muitas coisas ruins, já me deixaram no meio do caminho, já joguei minhas pérolas aos porcos, já gostei de quem nem tinha alcance, já gostei de quem não estava ao meu alcance, mas eu que não sou louca de escrever uma lista das piores coisas que já fizeram pra mim..Capicce?


"mas é doce morrer nesse mar de lembrar e nunca esquecer/ e se eu tivesse mais alma pra dar/eu daria, isso para mim é viver " (Djavan)

As coisas mais lindas que já fizeram pra mim (Lista Isa Diamonds)


Eu dei a ela a idéia de fazer uma lista de todas as boas coisas que nos fizeram. Um elogio, um pequeno gesto, um grande gesto. Quando estivéssemos sentindo nosso chão cair, íamos lá na listinha e víamos o mundo-cor-de-rosa again. É, eu colecionava papéis de carta. Tinha diários, sou da década de 80, não existiam blogs. E, ao contrário da minha amiga, tenho também uma lista negra. Não procuro, mas se vem no meu colo a oportunidade, eu me vingo sim. No mais, vamos nos ater ao lado rosa da força. Enjoy!

Eu era uma Patinho Feio. Aquela historinha do pato medonho que vira um belo Cisne.  Nenhum garoto da escola me dava bola, nenhum. Era magricela, desengonçada. E fazia balé, imagine! Então me concentrava na bíblia e em Shakespeare. É, juro! Li o apocalipse inteiro e 3 atos de Shakespeare. Dos 12 aos 15. E passei a faculdade inteira namorando um cara só.


B: Aos 15, descobri o mundo com o primeiro namorado. Do primeiro toque ao primeiro beijo. Sem deixar de ser virgem porque ainda era pecado. Um dia, na praia, ele contou todas as estrelas do céu pra mim. Pobre rapaz!

T: Todo problemático, uma novela mexicana, mas eu parecia gostar da coisa. Tinha uma ex-namorada a tiracolo, sempre. EVER. Eu desistia dele mil vezes e mil vezes voltava atrás. Até que ele disse: ‘Quero que você seja a mãe dos meus filhos’.

J: Um primo distante. Não daria certo desde o início da humanidade. Mesmo assim, a gente errou. Ele pegou uma mecha do meu cabelo, cheirou e me disse olhando nos olhos: ‘Você foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos tempos’.

F: O primeiro grande amor. E o último. E talvez o único. Meu fiel escudeiro. Doce, gentil. E acho que a melhor declaração de amor também: ‘Você parece daquelas garotas prendadas, que passam nos comerciais de TV e a gente sonha quando tá na escola...’. Eu achei lindo. Quando ele fez a primeira tatuagem, não quis que eu fosse para não vê-lo chorar, se fosse o caso. Eu fiquei puta da vida, mas não resisti quando ele sorriu e disse: ‘Agora somos um casal tatuado, amor!’ ·

N: Paixão daquelas avassaladoras, inesperadas. Surreal. E ele me mandava depoimentos no Orkut: ‘Não tenho palavras pra dizer o quanto te amo. Que poeta fudido eu sou. Você me deixa muito gay!’. E me apresentou Elvis e me ESCREVEU Elvis. Um dia, quando brigamos por causa do meu ciúme, ele escreveu off no MSN a letra inteira de ‘I Can’t Falling In Love With You’.

D: Ser nerd era a melhor condição dele. Ele entendia quando eu falava de Star Wars. Entendia quando eu imitava Jessica Rabbit. Enfrentava horas de viagem só pra me ver. E vinha com chocolates e danetes e era uma festa. Foi rápido, acabou quando nem havia começado. Mas quando acabou, ele confessou: ‘Não terá graça levantar mais ninguém no elevador...’ ·

J: Alguém por quem eu NÃO PODIA ter me apaixonado, mas como as melhores coisas da vida, foi inevitável mesmo. Trabalhávamos juntos, dia a dia, ali, no convívio, disfarçando a todo custo um desejo muito sufocado. Um dia, por e-mail, ele mandou: ‘Torna-te responsável por tudo aquilo que cativas’. Ou seja, um FDP que não era capaz de arcar as conseqüências de também ter se apaixonado por mim.

P: Paixão platônica, que nunca aconteceu. Mas eu não posso deixar de lembrar aquele jovem repórter do caderno de política, sagaz, rápido e frenético, como pede toda a alma de jornalista. Seria estranho se’u não me apaixonasse de cara. Ele logo virou editor do jornal. Eu repórter de cidades. E ele me editava, em quase tudo. Só pra disfarçar que não resistia aos meus olhinhos de jabuticaba. Um dia arranjou uma namorada. Numa festa entre amigos, ela piscou e ele me roubou um beijo. Disse ter sido o melhor da vida dele. Eu saí do jornal e nunca mais nos vimos.

F: Mais uma paixão platônica, só que aconteceu. Era mais que platônica, era antiga, envelhecida. Conhecíamos-nos apenas por internet. Quando o vi pela primeira vez, odiei. Depois me apaixonei de novo. Aliás, ele tem este poder de fazer eu me apaixonar quantas vezes ele quiser, em qualquer época, em qualquer lugar. Um doce canalha. Eu ainda tava longe quando ele me mandou este poema do Xico Sá. Eu tinha acabado de voltar de um rodízio. Um dia, disse que ia deixá-lo louco por mim. Ele respondeu: ‘Mais ainda?’ E quando finalmente me beijou, disse: ‘Que beijo bom!! Onde você aprendeu? Não consigo ir embora...’. Mas o que me prendeu, foi quando disse e pareceu tão honesto: ‘Achei que não vinhas mais. Tou orgulhoso de você.’ ·

LF: Doce, muito doce. Meu porto-seguro. Eu nunca consegui me apaixonar por ele. E ele desabafou: ‘Pensei que você seria a mulher da minha vida’.

Pilar, melhor amiga1: ‘Te dou um valor do caralho, desgraçada!’ ·
Luciana, melhor amiga3: ‘Não ouse borrar a maquiagem de Diva!’ ·
Happy End. Claro que tive minhas tragédias, óbvio. Mas não convém contá-las, sequer lembrá-las. Já enriqueci demaaaais os porcos. Vinde a mim, pôneys bonitinhos


quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

You're so beautiful, boy

" Faltava abandonar a velha escola/ Tomar o mundo feito coca-cola
  Fazer da minha vida sempre/ O meu passeio público
  E ao mesmo tempo fazer dela/ O meu caminho só
  Único" 

  (Lulu Santos)
Nunca vi (e provavelmente nunca verei) ele franzir a testa no sol ou passar a mão pra ajeitar os cabelos. Não sei se, quando tropeça no meio da rua, ele sorri encabulado ou xinga a mãe do padre. Ou se quando dança é desajeitado ou sexy, se é gentil com estranhos, se fica encabulado no elevador lotado, se gosta de árvore de Natal, se prefere vinho a vodca. Sei que ele é convencido e convence, ou no mínimo, consegue arrancar uma gargalhada. Sei que ele gosta de posar de safado porque também caiu no conto de que só os safados tem pegada, mas é o último dos românticos. Seria Dom Juan De Marco, seria Blade Runner, ou um filminho de amor sessão-da-tarde. Chama-se Bruno, nome que quase nunca uso para chamar sua atenção porque prefiro “Oi moço, Oi Olívia, Bichinha Magrela, Jack Twist, Safado, Feio, Lindo, Oi My Love”. Contra, só o fato dele ser dentista. Tem coisa mais “boring” do que alguém ser dentista? A favor, “Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças” ser um dos filmes favoritos dele. Imagina o sujeitinho: 27 anos, bonitinho, ordinário e romântico ao ponto de se emocionar nesse lindo filme de amor? Casa, minha filha. Casa.

Um dia ele pediu; “escreve sobre mim, como um presente de Natal”. Isso depois de dizer pra me ganhar: “você definitivamente é uma mulher estimulante”. Sem nem ao menos explicar o que raios ele quer dizer com isso. Ele é assim, ele te compra. Bem barato. Me deu de presente os adjetivos que mais gostei de ganhar, em natais, anos-novos, aniversários e dias comuns: criativa, adorável, inteligente, interessante, encrenqueira, contraditória, divertida. Ok, encrenqueira não parece bom, mas quem encrenca gosta de ser reconhecida. Depois disso, o que eu posso dizer dele, para ele?  Tuas piadas são péssimas, brother. E teu gosto musical é meio duvidoso. Nunca teu coração combina perfeitamente com o meu. My friend.

Aquele tipo de cara que a gente não sabe se beija ou se fica na mesa do bar conversando até de madrugada. E a conversa pode ser leve, cheia de ironias e risadas ou pode ser melancólica, quase triste. Ele vai te alfinetar diversas vezes, mas se tiver que dizer uma verdade dessas duras de engolir ele o fará com delicadeza, como se estivessem dançando um bolero bem lento. Gosto de imaginar que foi uma criança levada, mas fico sempre com impressão que era bem comportado e que muitas vezes, ainda hoje, quer continuar a ser. Não seja. Seja um tango, um carnaval, não chova fraquinho, caia feito tempestade no mar, raio, trovão. Agora é a hora, vai por mim. Seja louco,  irresponsável algumas vezes, não tenha medo das quedas, abrace a puerra desta vida com toda força. E não canse meus ouvidos falando em portos-seguros! Queime teus navios. Prova o gosto de tudo, não resista às tentações, fique com o que for bom, seja muito feliz, mas sofra um pouquinho pra ficar mais forte. Tome todos os porres, mas morra de tédio algumas vezes, pra dar a medida exata do que se tem, do que se pode. Faça poesias ridículas, colecione cartas de amor, viva um amor inesquecível. Depois esqueça.

O garoto mais adorável das terras de Alagoas, o amigo que eu queria perto, mas a vida lá é perfeita? You are so beautiful, boy

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

74 coisas que me fazem feliz


Pra não esquecer, pra lembrar, pra me dar conta, pra incluir, pra preservar, pra dar a medida.

Saber que são coisas pequenas, grandes, coisas importantes, bobas, são as minhas coisas, são muito mais que essas, são as que recordei, passam desapercebidas, ou não.

Se repetem, com sorte. Acontecem o tempo todo, ou só uma vez e bastou.




1-Acordar e ver que o dia está ensolarado
2-Acordar e ter mais um tempinho pra ficar de preguiça na cama
3-Ver que esta chovendo e voltar a dormir
4-A sensação de chegar na praia no verão e tirar o chinelo e meter os pés na areia pela primeira vez
5-Um "eu te amo", vindo de quem queremos que venha
6-Comprar livro novo e sentir o cheirinho do papel
7-Escrever
8-Ler no sofá, fumando um cigarro (tô nem aí , patrulha!!)
9-Morrer de rir
10-Chorar em filme de amor
11-Dançar samba de salto alto e suar
12-Cortar a onda no primeiro mergulho do verão
13-Achar que perdi alguma coisa e depois encontrá-la quando estava quase desistindo
14-Ver um amigo com quem não tinha contato há muito tempo e perceber que ficamos exatamente no mesmo ponto em que tínhamos deixado.
15-Estar perdidamente apaixonada
16-Ouvir: "estou perdidamente apaixonado por você"
17-Sexo bom que me deixa com as pernas bambas, mancha na coxa e me sentindo totalmente mulher
18-Sexo com amor, que me deixa com as pernas bambas, mancha na coxa e me sentindo totalmente amada
19-Viajar e voltar pra Ilha, ver a Ponte Hercílio Luz e pensar: “como esta cidade é linda, eu moro aqui!”
20-Receber telefonema de pessoas queridas
21-Sair só com as amigas, rir muito, falar bobagens de mulherzinha, lembrar das roubadas passadas e voltar bêbada
22-Cantar músicas que me recordam algo, com alguém que também se recorda
23-Ouvir uma música pela primeira vez e achá-la linda
24-Lembrar que nessa semana tem feriado
25-Ganhar mimo da minha mãe
26-O abraço de alguém de quem sentia muita falta
27-Chegar em casa e ver meus cachorros abanando o rabinho pra mim
28- colocar o Billy no meu colo, acariciar o peito do Nero e encostar minha cabeça na do Ringo
29-Cheiro de grama recém cortada
30--Comprar roupa nova, sapato, maquiagem, livro, CD
31-Dar presente
32-Ganhar um jantar à luz de velas surpresa
33-A sensação do cabelo molhado quando saio do chuveiro
34-A sensação no meu corpo e coração quando ouço uma bateria de Escola de Samba
35-Torcer pra acontecer....e acontecer
36-Uma conversa tão boa quanto sexo, um seo tão bom quanto uma boa conversa
37-Um café quentinho no frio
38-Comer qualquer coisa que contenha camarão
39-O sorriso de um bebê
40-Ganhar uma cantada original
41-O telefone tocar quando eu tô esperando que toque
42-O telefone tocar quando desisti de esperar
43-Receber email de amor, carta, bilhetinho, mensagem, sinal de fumaça
44-Pegar o elevador vazio
45-A fila do banco só ter duas pessoas a minha frente
46-Beber tequila
47-Ser útil para alguém
48- Ouvir Beatles
49-Papear com o taxista
50-Estar nos braços do meu amor
51-O sorriso dele pra mim
52-A generosidade da minha irmã
53-As piadas do meu pai
54-Tentar resistir a comer chocolate com medo das calorias e acabar não resistindo, a primeira mordida, prendendo na língua
55-Cultivar velhas amizades
56-Conhecer uma nova pessoa e pensar: adorei!
57-Ver Dirty Dancing pela enéssima vez
58-Comer batata frita
59-Pessoas com senso de humor
60-Pessoas doidinhas
61-Subir o Morro da lagoa
62-Poesia
63-Chegar em casa de manhazinha e ver o pior do sol
64-Comer bolinho de chuva num dia de chuva, com café e leite
65- montar pinheirinho de Natal
66- Estreiar uma camisola nova
67-Ver trovoada no mar
68-Vestidos longos estampados
69-Contar coisas engraçadas
70-Ouvir coisas engraçadas
71-Conversar antes de dormir
72-Deitar num lençol recém lavado
73-Ouvir Tom Jobim
74-Ser a razão da felicidade de alguém

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Let´s dance

Ai, estou triste. Morreu o homem que mais lindamente vestia uma calça preta-justa no mundo! Aquele que em Dirty Dancing fez a gente acreditar, ainda na adolescência, que a garota sem gracinha podia conquistar o gostosão do pedaço. Acho que foi justamente essa a grande sacada desse filminho sessão da tarde. Toda menina que não se encaixava exatamente no padrão de beleza da época estava ali representada pela Jennifer Grey. A gordinha, a de óculos, a baixinha, a magrela. Todas podíamos "pegar" o gato do Patrick, o galã do colégio, o marrento da balada, o disputado a tapa. E sonhar nunca custou nada mesmo. 

Ok, é filme de mulherzinha e blá blá blá wiskas sachê. É. Eles cultuam Jackie Chan, peramore(!), entonces deixem-nos com nossas mulherzises. E desculpem rapazes, comemoramos aniversários, mas quem é que cresceu? voc}es ainda assistem filminhos de perseguições em alta velocidade e muitas porradas. E nós, nós ainda suspiramos baixinho naquela cena final,  com Patrick e Jeniffer dançando ao som de  I had the time of my life. Á época,  o cúmulo do sensual, hoje, cafona de tão ingênua. 

O sucesso para Swayse veio tarde, depois dos 35. E eu estava lá pra ver. Era um homão em “The Outsiders” do Copolla, ao lado dos menininhos Tom Cruise, Rob Lowe e Ralf Machio. O filme em que todas nós, garotas começando a vida, suspirávamos e dávamos gritinhos, pra depois sair pela cidade e achar todos uns sem graça. Os meninos bebiam pra sair pra baçada, nós assistíamos a Dirty Dancing. Não era um bom ator, mas tinha carisma. E pra valorizar ainda mais o sujeito, casou em 1975, antes de sequer cogitar ser ator e permaneceu casado até 2009, com a mesmíssima mulher. Pasmem. Eu pasmo. Quase acredito que o amor existe.


Eu sou cinéfila, adoro Touro Indomável, Crepúsculos dos Deuses, meu ídolo é Marlon Brando, mas confesso, será sempre a minha "pipoca" preferida. Swayse morreu hoje , aos 57 anos. Cedo. De câncer. Sofrido. E sempre que alguém morre, mais do que lamentar, eu desejo que tenha tido uma boa vida, que tenha tido com quem dividir as alegrias e as dores e que um segundinho antes de partir, tenha  passado pela mente, um  "valeu a pena”. Tem gente que não está atento a isso, nem sempre eu estou.  A viver de modo que quando esta puerra toda acabar, possamos levar mais gratidão do que arrependimentos. Algumas vezes gastamos a vida, como diria o protagonista de “Os Mais” de Eça de Queirós, sem nos darmos conta do que realmente importa. Não gastemos as nossas. Ah, e vamos dançar mais, please. Vamos dançar muito!




 

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Adeus ano-velho, feliz ano-novo



É agosto, ainda faltam quatro meses pro Natal e a chegada de 2010, no entanto, solto meus fogos agora, não exatamente para comemorar uma virada de ano, mas para dar passagem à esperança e dar as boas-vindas às coisas novas que vieram habitar a minha vida. Despeço-me do que ficou velho, do que virou passado, do que ficou pra trás, do que não cabe mais, para abrir espaço para o que  passou a fazer parte. Para novos amigos,  amigos que de distantes se fizeram próximos, para um novo amor, para uma nova mulher. Nunca pronta, nunca definida, a mesma de sempre, transformada, a menina revisitada, a mulher que se apresenta a ela mesma, novamente, e diz: "muito prazer".

Ah baby, não é fácil o caminho, não é sem medo ou sem dor, às vezes tanta. Um dia a gente se perde, um dia a gente se encontra e cai e levanta e cai e levanta, como se aprendêssemos a velejar num barco à velas. Mas como seguir em frente se nos sentimos como uma flor presa a um vasinho de mágoas? Aprendendo a olhar ao redor e acima e mais acima, deixando o sol  curar as feridas, desabrochando mais uma vez, vomo se fosse a primeira. Em um dos filmes da minha vida, que muitos amam e outros tanto detestam, “Magnólia”, uma frase permeia todo o enredo “O passado já era pra nós, mas não nós para o passado”. É isso. Como acertarmos as contas com o que pode viciar nossas experiências presentes e futuras? Porque nos prendemos ao passado, como se ele fosse algum troféu, como tantas vezes tiramos o pó, ou como queremos enterrá-lo, dar as costas a ele, sem nenhum entendimento.

O muito que demora para estendermos nossas duas mãos a ele, confrontá-lo, acarinhá-lo e, por fim, nos reconciliarmos com ele. Às vezes toda uma vida. Melhor se for agora. Porque somos parte do que já fomos, porque somos o que vivemos, porque percorremos essa estrada.Mas não fazer dele a nossa morada, não nos acomodarmos e adormecermos em seus braços.
Perdoar, aos outros e a si mesmo, não carregar culpas desnecessárias, saber viver com os arrependimentos (porque sim, nos arrependeremos tantas vezes na vida e por tantas coisas), não revisitar velhos fantasmas, não ter medo do desconhecido, das mudanças que se impõem. Ter lembranças boas, guardar velhas fotografias que nos façam sorrir, saber fazer a fila andar, nos darmos chance para seguir em frente, feliz. E, se possível, sem tanto medo. Agradecendo toda ajuda que encontremos nessa jornada. São nossas pedras preciosas. As suas. As minhas. E as minhas nesse reveilon de agosto tem seus nomes e a eles agradeço. Feliz ano-novo!

Para Alexandre, Edson, Lúcia, Claúdia, Cibele, Regina, Fernanda, Aldi, Carol, Cássio e para minha família.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Ringo Star, o resmungão (uma crônica bobinha de amor)


Não entendo quem não gosta de samba, quem não gosta de Beatles, quem não gosta de cachorro. Respeito, vá lá, mas não entendo. Eu amo meu caozinho preto e branco, com olhos cor de mel, com nome de Beatle: meu Ringo Star. E essa é minha declaração de amor pra ele. Esse amor que tento expressar todo dia, há quatro anos, desde que o trouxe numa caixinha, o filhote mais lindo que já vi. Primeiro pensei em dar a ele o nome de Brando, em homenagem a um outro ídolo, o Marlon, mas mudei de idéia bem a tempo, porque Ringo Star não tem nada de brando, ele é daqueles cachorros meio problemáticos, que independente do tamanho, se acha, quer ser o líder, disputa, ganha. É líder. Baixinho e marrento, feito o Romário. Sou fâ do baixinho também, então Ringuinho é o meu herói, meu bad boy resmungão.

Daqueles inesquecíveis, que acumulam histórias pra contar. Como chegar na casa da minha mãe pela primeira vez e assim que é largado ao chão, procurar o tapete mais bonito da casa e deixar sua marca: cocô com vermes. Um jeito muito Ringo Star de se apresentar, muito prazer. Ou sua maneira Mohamed Ali de receber um novo amiguinho, dos tantos que vieram depois dele, chamando pra brincadeira, com as patinhas fazendo passos de boxeador num ringue. Ou quando a brincadeira virou luta com nocaute. Quase matou meu Bibi, o vira-latas mais safado do mundo.

Desculpa, Ringuetes, por ter passado a liderança pro pastor, só porque ele é grandão e obediente, por te colocar em segundo lugar pra dar a comida, os petisquinhos, pra brincar. Mas você se rendeu? Claro que não, por mais que eu quisesse, se rebelava e mostrava pra mim e pra ele quem mandava nessa casa. Ringo que me olha esquisito e muito parado, se eu fico triste ou choro e que me espera no portão com um tapetinho velho na boca, querendo que eu entre logo pra brincar. Desculpa se não te levei muito pra passear. E obrigado, por estar naquele lugar quando eu passei por lá, por fazer parte da minha vida e sobretudo, por me ensinar a cuidar. Eu, que nem aprendi direito a cuidar de mim, que nunca cuidei de coisa alguma, aprendi a cuidar de quem precisava de cuidado. Errando e acertando. Te dando esporro, uns chegas pra lá, te dando carinho na barriga, ou alisando tuas patinhas, ou te dando todo amor que tive pra te dar.

Agora que a vida mudou, pra mim e pra ele, por essas coisas que acontecem e não se preveem, agora que ele está indo embora da minha casa, meu coração fica apertado e eu choro como se ele fosse um membro da minha família. E é. Ele vai me esquecer, eu sei. Um dia não vai mais saber que fui a dona dele, nem tchuns pra minha cara. Espero revê-lo feliz...e resmungando, claro. Eu nunca vou esquecer. Meu primeiro cachorro. Meu amigo, meu companheirinho. Vai feliz, Ringão, vai com teu dono, ser líder em outro pátio, como sempre vai ser no meu coração